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Governador de Rondônia está em silêncio há dois dias, mesmo com estado pegando fogo (literalmente)

Confira as notas do dia, por Cícero Moura.

15/01/2025 07h00
Por: Redação
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Nas sombras

A noite da última segunda-feira (13) foi um verdadeiro terror para os rondonienses. Vários ônibus urbanos, interestaduais, escolares e caminhões foram queimados em várias cidades do estado. Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã e Mirante da Serra foram apenas alguns dos municípios com ocorrência. Até totem da Sesdec foi incendiado na capital.

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Por ser a capital de Rondônia e maior cidade, Porto Velho teve o maior número de ocorrências, incluindo falta de energia elétrica em alguns pontos da zona Norte e Leste. Os criminosos, ligados a facções, teriam ateado fogo em alguns transformadores da região e isso deixou centenas de residências às escuras por algumas horas.

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Quem paga o pato sempre é a população, que de imediato, já ficou sem opções de transportes públicos nos residenciais populares (e não condomínios, como alguns insistem em dizer) Orgulho do Madeira e Morar Melhor. Com o incêndio de dois veículos, aí a empresa retirou da cidade inteira. 

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Na terça (14), voltaram a circular, mas foram retirados das ruas por volta das 10:30 da manhã. O motivo? Mais ameaças de incêndios em ônibus e risco de vida aos motoristas. Por isso, preferiram se resguardar. E a população mais uma vez sofre com a ineficiência das instituições de segurança pública. 

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Após execução

Nas redes sociais, o comandante da Polícia Militar, coronel Regis Braguin, se dirigiu à população com mensagem de combate à criminalidade. A declaração ocorreu após um momento crítico para a segurança pública no estado, após o brutal assassinato do cabo da PM, Fábio Martins, na noite do domingo (12), no residencial Orgulho do Madeira, em Porto Velho.

Após execução 2

Braguin disse que todas as forças de segurança do estado estão unidas e empenhadas em capturar os responsáveis pelo crime. Ele enfatizou a determinação das autoridades em não apenas solucionar o caso, mas também em desmantelar redes criminosas que ameaçam a tranquilidade dos cidadãos.

Após execução 3

“A morte de um policial é uma perda irreparável para a nossa corporação e para a sociedade. Estamos mobilizando todas as nossas equipes para que os responsáveis sejam localizados e punidos. Não vamos descansar até que a justiça seja feita”, afirmou o comandante.

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A morte de Fábio Martins, que era do Batalhão Ambiental, gerou indignação entre os moradores e colegas de farda. A brutalidade do crime — onde o policial foi atingido por seis tiros na região do rosto e nuca — destaca a crescente insegurança enfrentada pela população local e pelos próprios agentes de segurança.

Após execução 5

Braguin também fez um apelo à comunidade para que colabore com informações que possam ajudar nas investigações. “É fundamental que todos estejam juntos nessa luta. Se você tem qualquer informação sobre o crime ou sobre os suspeitos, não hesite em entrar em contato com as autoridades. Juntos, podemos fazer a diferença”.

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Político?

O coronel Braguin está com todas as ferramentas para ser candidato a algum cargo eletivo em 2026. Sempre é “ator principal” em vídeos institucionais da Polícia Militar ou que são publicados nas redes sociais da Secretaria de Segurança (Sesdec). E fala também o que a população quer ouvir, ainda mais em um estado de maioria bolsonarista/extrema direita. 

Silêncio

Por outro lado, outro importante oficial que já é político, o coronel aposentado Marcos Rocha (União Brasil), que segundo colegas de farda, nunca comandou um batalhão, parece que se escondeu na hora que a população mais precisa. A última publicação em suas redes sociais foi no domingo (12). 

Silêncio 2

No começo da tarde daquele dia, antes da execução do cabo Fábio, Marcos Rocha foi positivo: “ Passando por aqui para desejar um excelente domingo para você e sua família. Que este dia seja repleto de paz, alegria e bênçãos”.

Silêncio 3

E ainda citou um versículo da Bíblia: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Isaías 40:31). E completou: “Que Deus abençoe grandemente a sua vida e renove suas forças para a semana que se inicia”.

Silêncio 4

De lá para cá, apenas o coronel Braguin (da PM) e Felipe Vital, secretário de Segurança e coronel dos Bombeiros, se pronunciaram, dizendo que as forças policiais estão nas ruas, com operações em locais bem conhecidos da população, que reúnem facções: Orgulho do Madeira e Morar Melhor. Mas, o que estamos vendo é mais do mesmo: apenas enxugando gelo.

Via Instagram 

Déficit

Conforme reportagem feita por este jornalista, a PM tem um déficit de quase 4 mil policiais em todo o estado. Não bastasse isso, ainda há os mais de 600 que estão cedidos para diversos órgãos, como Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas, Assembleia Legislativa, Prefeitura de Porto Velho e no próprio governo, em cargos comissionados.

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Ainda há déficit na própria Polícia Civil, responsável pela investigação dos crimes para punição dos criminosos. Há uma falta de quase 1 mil vagas. E concurso que é bom, só à conta-gotas, com pouquíssimas vagas. O ritmo de aposentadorias, licenças e pedidos de saída são maiores que as entradas de novos membros. E a tendência é só piorar. 

Por onde anda?

E nesse silêncio todo, há muitos boatos. Disseram que Marcos Rocha está até fora do Brasil, curtindo o inverno europeu. Me disseram que está em Londres. Não sei se está em missão oficial ou curtindo férias. Mas, mesmo que esteja, já era para ter falado algo, enviado um vídeo e dito quais as medidas QUE ELE ESTÁ TOMANDO, como governador do Estado e policial militar aposentado. 

Por onde anda 2

E mesmo que não tenha comandado um batalhão ou companhia, conforme dizem seus colegas oficiais de farda, que ele consulte quem está nas ruas, passando perigo e sufoco todos os dias. Com o baixo efetivo, os corajosos(as) policiais militares que fazem as rondas, não conseguem estar em todos os locais para proteger a população. Só contando com sorte ou milagres. 

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Em 7 anos de governo, Marcos Rocha não fez concursos para a Polícia Militar. Se meteu em polêmicas com a própria corporação, especialmente na questão salarial. Aumentou substancialmente os ganhos dos oficiais (inclusive o dele), mas esqueceu de quem está nas ruas: soldados, cabos, sargentos e suboficiais. E afinal: por onde anda o governador?

Ineficiência

É sabido até pelos candirus do Rio Madeira, que os residenciais Orgulho do Madeira e Morar Melhor são áreas dominadas por facções. Eventualmente, as forças de segurança fazem ações ali, mas com pouco efeito. Há uma melhora por alguns dias, os bandidos se escondem ou ficam quietos. Aí depois, volta tudo à normalidade. 

Ineficiência 2

Já era para há muito tempo, a PM ter montado bases nestes locais, à exemplo das UPPs no Rio de Janeiro. Mas falta efetivo e planejamento pelo (des)governo Marcos Rocha. Pelo menos, houve o pedido ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para envio da Força Nacional. Os agentes da tropa federativa chegarão ao estado nos próximos dias.

Divulgação

Ajuda

A FN vai auxiliar os órgãos de segurança pública estaduais a conter os ataques criminosos registrados nos últimos dias, na capital, Porto Velho, e em ao menos mais uma cidade, Mirante da Serra. O emprego da Força Nacional por 90 dias foi autorizado pelo ministro Ricardo Lewandowski.

Alerta

Um amigo da coluna, que é policial federal, fez um importante alerta, que serve para todos os nossos leitores: “Evita sair de casa e deixar o carro estacionado na rua. Infelizmente, as forças policiais não tem condições suficientes de combater toda a criminalidade em todas as áreas da cidade. E eles [políticos] não querem deixar claro que estão fracassando”, disse ele. 

Alerta 2

Para quem insiste em repassar os “salves” dos grupos criminosos em grupos de WhatsApp, aí vai uma dica dada por um advogado consultado por este jornalista: “Propagar essas mensagens configura crime.  Na verdade, propagar ordem de facção é que parece estar a serviço do crime”.

Alerta 3

Ele segue: “Nem todo mundo que lê a mensagem, se indigna. Há muitos bandidos requenguelos querendo destaque, e ao ler um texto desse disseminado em rede social, pode agir. E essa orientação está baseada em três leis: Código Penal Brasileiro (arts. 286, 287 e 29), Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983) e a Lei de Prevenção à Violência (Lei 10.446/2002)”.

Alerta 4

Então, todo o cuidado é pouco. Saia de casa com atenção redobrada. Resolva tudo durante o dia e volte para casa com extrema paciência. Evite sair à noite, mas se sair, não demore. E quando estiver no conforto do lar, acenda as luzes, mas deixe tudo fechado. Qualquer movimentação estranha, avise alguém (como vizinhos e familiares) e ligue para o 190. 

Por Felipe Corona – interino

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